"Ide tranquilamente entre o tumulto e a pressa e lembrai-vos da paz que pode existir no silêncio. Sem alienação, vivei tanto quanto possível em bons termos com todas as pessoas. Dizei calma e claramente vossa verdade, e ouvi os outros, mesmo o pobre de espírito e o ignorante; eles também têm sua história. Evitai os indivíduos barulhentos e agressivos, eles são um insulto ao espírito. Não vos compareis com ninguém: correríeis o risco de vos tornar vaidosos. Sempre há alguém maior ou menor que vós.
Desfrutai vossos projetos assim como vossas realizações, sede sempre interessados em vossa carreira, por mais modesta que seja: é uma verdadeira posse nas prosperidades mutáveis do tempo. Sede prudentes em teus negócios, porque o mundo está cheio de malícias.
Mas não sejais cegos no que concerne à virtude que existe: vários indivíduos buscam os grandes ideais e em toda parte a vida é repleta de heroísmo. Sede vós mesmos. Sobretudo não simuleis a amizade! Tampouco sede cínicos no amor, porque em face de qualquer esterilidade e de qualquer desencanto ele é tão eterno quanto a relva...
Aceitai com bondade o conselho dos anos renunciando com graça a vossa juventude. Fortalecei a prudência de espírito para vos proteger em caso de infortúnio repentino. Mas não vos aborreçais com quimeras! Numerosos temores nascem da fadiga e da solidão... Para lá de uma disciplina sadia, sede ternos convosco mesmos. Sois filhos do universo, tanto quanto as árvores e as estrelas: tendes o direito de estar aqui. E percebais ou não, o universo se desenrola sem dúvida como deveria.
Estai em paz com Deus, qualquer que seja vossa concepção dele e, quaisquer que sejam vossas obras e vossos sonhos, guardai no desconcerto ruidoso da vida a paz em vossa alma. com todas as suas perfídias, as suas tarefas fastidiosas e os seus sonhos desfeitos, o mundo é belo! Prestai atenção... Tratai de ser felizes."
Encontrado numa igreja de Baltimore em 1692. Autor desconhecido. Citado no livro A viagem de Théo de Catherine Clément.
"E ela não passava de uma mulher...inconstante e borboleta" Clarice Lispector
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
NÃO SOU CHARLIE!
Apesar de lamentar e repudiar o ato dos irmãos franco-argelinos, eu não sou Charlie.
Se a piada é preconceituosa, ela transmite o preconceito. Falar que “Com uma caneta eu não degolo ninguém”, como disse Charb, é hipócrita. Com uma caneta se prega o ódio que mata pessoas.
Transcrevo aqui um ótimo texto sobre o tema, retirado de:
http://emtomdemimimi.blogspot.com.br/2015/01/je-ne-suis-pas-charlie.html?m=1
quinta-feira,
8 de janeiro de 2015
Je ne suis
pas Charlie
Em primeiro
lugar, eu condeno os atentados do dia do 7 de janeiro. Apesar de muitas vezes
xingar e esbravejar no meio de discussões, sou um cara pacífico. A última vez
que me envolvi em uma briga foi aos 13 anos (e apanhei feito um bicho). Não
acho que a violência seja a melhor solução para nada. Um dos meus lemas é a
frase de John Donne: “A morte de cada homem diminui-me, pois faço parte da
humanidade; eis porque nunca me pergunto por quem dobramos sinos: é por mim”.
Não acho que nenhum dos cartunistas “mereceu” levar um tiro. Ninguém merece. A
morte é a sentença final, não permite que o sujeito evolua, mude. Em momento
nenhum, eu quis que os cartunistas da Charlie Hebdo morressem. Mas eu queria
que eles evoluíssem, que mudassem.
Após o
atentado, milhares de pessoas se levantaram no mundo todo para protestar contra
os atentados. Eu também fiquei assustado, e comovido, com isso tudo. Na
internet, surgiu o refrão para essas manifestações: Je Suis Charlie. E aí a
coisa começou a me incomodar.
A Charlie
Hebdo é uma revista importante na França, fundada em 1970 e identificada com a
esquerda pós-68. Não vou falar de toda a trajetória do semanário. Basta dizer
que é mais ou menos o que foi o nosso Pasquim. Isso lá na França. 90% do mundo
(eu inclusive) só foi conhecer a Charlie Hebdo em 2006, e já de uma forma
bastante negativa: a revista republicou as charges do jornal dinamarquês
Jyllands-Posten (identificado como “Liberal-Conservador”, ou seja, a direita
européia). E porque fez isso? Oficialmente, em nome da “Liberdade de
Expressão”, mas tem mais...
O editor da
revista na época era Philippe Val. O mesmo que escreveu um texto em 2000
chamando os palestinos (sim! O povo todo) de “não-civilizados” (o que gerou
críticas da colega de revista Mona Chollet – críticas que foram resolvidas com
a saída dela). Ele ficou no comando até 2009, quando foi substituído por
Stéphane Charbonnier, conhecido só como Charb. Foi sob o comando dele que a
revista intensificou suas charges relacionadas ao Islã – ainda mais após o
atentado que a revista sofreu em 2011.
Uma pausa
para o contexto. A França tem 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria,
imigrantes das ex-colônias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos
igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, legada à condição
de “cidadão de segunda classe”. Após os atentados do World Trade Center, a
situação piorou. Já ouvi de pessoas que saíram de um restaurante “com medo de
atentado” só porque um árabe entrou. Lembro de ter lido uma pesquisa feita há
alguns anos (desculpem, não consegui achar a fonte) em que 20 currículos iguais
eram distribuídos por empresas francesas. Eles eram praticamente iguais. A
única diferença era o nome dos candidatos. Dez eram de homens com sobrenomes
franceses, ou outros dez eram de homens com sobrenomes árabes. O currículo do
francês teve mais que o dobro de contatos positivos do que os do candidato
árabe. Isso foi há alguns anos. Antes da Frente Nacional, partido de
ultra-direita de Marine Le Pen, conquistar 24 cadeiras no parlamento europeu...
De volta à
Charlie Hebdo: Ontém vi Ziraldo chamando os cartunistas mortos de “heróis”. O
Diário do Centro do Mundo (DCM) os chamou de“gigantes do humor politicamente
incorreto”. No Twitter, muitos chamaram de “mártires da liberdade de
expressão”. Vou colocar na conta do momento, da emoção. As charges polêmicas do
Charlie Hebdo são de péssimo gosto, mas isso não está em questão. O fato é que
elas são perigosas, criminosas até, por dois motivos.
O primeiro
é a intolerância. Na religião muçulmana, há um princípio que diz que o profeta
Maomé não pode ser retratado, de forma alguma. (Isso gera situações
interessantes, como o filme A Mensagem – Ar Risalah, de 1976 – que conta a
história do profeta sem desrespeitar esse dogma – as soluções encontradas são
geniais!). Esse é um preceito central da crença Islâmica, e desrespeitar isso
desrespeita todos os muçulmanos. Fazendo um paralelo, é como se um pastor
evangélico chutasse a estátua de Nossa Senhora para atacar os católicos. O
Charlie Hebdo publicou a seguinte charge:
Qual é o
objetivo disso? O próprio Charb falou: “É preciso que o Islã esteja tão
banalizado quanto o catolicismo”. Ok, o catolicismo foi banalizado. Mas isso
aconteceu de dentro pra fora. Não nos foi imposto externamente. Note que ele
não está falando em atacar alguns indivíduos radicais, alguns pontos
específicos da doutrina islâmica, ou o fanatismo religioso. O alvo é o Islã,
por si só. Há décadas os culturalistas já falavam da tentativa de impor os
valores ocidentais ao mundo todo. Atacar a cultura alheia sempre é um ato imperialista.
Na época das primeiras publicações, diversas associações islâmicas se sentiram
ofendidas e decidiram processar a revista. Os tribunais franceses – famosos há
mais de um século pela xenofobia e intolerâmcia (ver Caso Dreyfus) – deram
ganho de causa para a revista. Foi como um incentivo. E a Charlie Hebdo abraçou
esse incentivo e intensificou as charges e textos contra o Islã.
Mas existe
outro problema, ainda mais grave. A maneira como o jornal retratava os
muçulmanos era sempre ofensiva. Os adeptos do Islã sempre estavam
caracterizados por suas roupas típicas, e sempre portando armas ou fazendo
alusões à violência (quantos trocadilhos com “matar” e “explodir”...). Alguns
argumentam que o alvo era somente “os indivíduos radicais”, mas a partir do momento
que somente esses indivíduos são mostrados, cria-se uma generalização. Nem
sempre existe um signo claro que indique que aquele muçulmano é um desviante,
já que na maioria dos casos é só o desviante que aparece. É como se fizéssemos
no Brasil uma charge de um negro assaltante e disséssemos que ela não
critica/estereotipa os negros, somente aqueles negros que assaltam...
E aí
colocamos esse tipo de mensagem na sociedade francesa, com seus 10% de
muçulmanos já marginalizados. O poeta satírico francês Jean de Santeul cunhou a
frase: “Castigat ridendo mores” (costumes são corrigidos rindo-se deles). A
piada tem esse poder. Se a piada é preconceituosa, ela transmite o preconceito.
Se ela sempre retrata o árabe como terrorista, as pessoas começam a acreditar
que todo árabe é terrorista. Se esse árabe terrorista dos quadrinhos se veste
exatamente da mesma forma que seu vizinho muçulmano, a relação de
identificação-projeção é criada mesmo que inconscientemente. Os quadrinhos,
capas e textos da Charlie Hebdo promoviam a Islamofobia. Como toda população
marginalizada, os muçulmanos franceses são alvo de ataques de grupos de
extrema-direita. Esses ataques matam pessoas. Falar que “Com uma caneta eu não
degolo ninguém”, como disse Charb, é hipócrita. Com uma caneta se prega o ódio
que mata pessoas.
No artigo
do Diário do Centro do Mundo, Paulo Nogueira diz: “Existem dois tipos de humor
politicamente incorreto. Um é destemido, porque enfrenta perigos reais. O outro
é covarde, porque pisa nos fracos. Os cartunistas do jornal francês Charlie
Hebdo pertenciam ao primeiro grupo. Humoristas como Danilo Gentili e derivados
estão no segundo.” Errado. Bater na população islâmica da França é covarde. É
bater no mais fraco.
Uma das
defesas comuns ao estilo do Charlie Hebdo é dizer que eles também criticavam
católicos e judeus. Isso me lembra o já citado gênio do humor (sqn) Danilo
Gentilli, que dizia ser alvo de racismo ao ser chamado de Palmito (por ser alto
e branco). Isso é canalha. Em nossa sociedade, ser alto e branco não é visto
como ofensa, pelo contrário. E – mesmo que isso fosse racismo – isso não daria
direito a ele de ser racista com os outros. O fato do Charlie Hebdo
desrespeitar outras religiões não é atenuante, é agravante. Se as outras
religiões não reagiram a ofensa, isso é um problema delas. Ninguém é obrigado a
ser ofendido calado.
“Mas isso é
motivo para matarem os caras!?”. Não. Claro que não. Ninguém em sã consciência
apoia os atentados. Os três atiradores representam o que há de pior na
humanidade: gente incapaz de dialogar. Mas é fato que o atentado poderia ter
sido evitado. Bastava que a justiça francesa tivesse punido a Charlie Hebdo no
primeiro excesso. Traçasse uma linha dizendo: “Desse ponto vocês não devem
passar”.
“Mas isso é
censura”, alguém argumentará. E eu direi, sim, é censura. Um dos significados
da palavra “Censura” é repreender. A censura já existe. Quando se decide que
você não pode sair simplesmente inventando histórias caluniosas sobre outra
pessoa, isso é censura. Quando se diz que determinados discursos fomentam o
ódio e por isso devem ser evitados – como o racismo ou a homofobia – isso é
censura. Ou mesmo situações mais banais: quando dizem que você não pode usar
determinado personagem porque ele é propriedade de outra pessoa, isso também é
censura. Nem toda censura é ruim.
Por
coincidência, um dos assuntos mais comentados do dia 6 de janeiro – véspera dos
atentados – foi a declaração do comediante Renato Aragão à revista Playboy. Ao
falar das piadas preconceituosas dos anos 70 e 80, Didi disse: “Mas, naquela
época, essas classes dos feios, dos negros e dos homossexuais, elas não se
ofendiam.”. Errado. Muitos se ofendiam. Eles só não tinham meios de manifestar
o descontentamento. Naquela época, tão cheia de censuras absurdas, essa seria
uma censura positiva. Se alguém tivesse dado esse toque nOs Trapalhões lá
atrás, talvez não teríamos a minha geração achando normal fazer piada com
negros e gays. Perderíamos algumas risadas? Talvez (duvido, os caras não
precisavam disso para serem engraçados). Mas se esse fosse o preço para se ter
uma sociedade menos racista e homofóbica, eu escolheria sem dó. Renato Aragão
parece ter entendido isso.
Deixo claro
que não estou defendendo a censura prévia, sempre burra. Não estou dizendo que
deveria ter uma lista de palavras/situações que deveriam ser banidas do humor.
Estou dizendo que cada caso deveria ser julgado. Excessos devem ser punidos.
Não é “Não fale”. É “Fale, mas aguente as consequências”. E é melhor que as
consequências venham na forma de processos judiciais do que de balas de fuzis.
Voltando à
França, hoje temos um país de luto. Porém, alguns urubus são mais espertos do
que outros, e já começamos a ver no que o atentado vai dar. Em discurso, Marine
Le Pen declarou: “a nação foi atacada, a nossa cultura, o nosso modo de vida.
Foi a eles que a guerra foi declarada” (grifo meu). Essa fala mostra exatamente
as raízes da islamofobia. Para os setores nacionalistas franceses (de direita,
centro ou esquerda), é inadmissível que 10% da população do país não tenha
interesse em seguir “o modo de vida francês”. Essa colônia, que não se mistura,
que não abandona sua identidade, é extremamente incômoda. Contra isso, todo
tipo de medida é tomada. Desde leis que proíbem imigrantes de expressar sua
religião até... charges ridicularizando o estilo de vida dos muçulmanos! Muitos
chargistas do mundo todo desenharam armas feitas com canetas para homenagear as
vítimas. De longe, a homenagem parece válida. Quando chegam as notícias de que
locais de culto islâmico na França foram atacados – um deles com granadas! -
nessa madrugada, a coisa perde um pouco a beleza. É a resposta ao discurso de
Le Pen, que pedia para a França declarar “guerra ao fundamentalismo” (mas que
nos ouvidos dos xenófobos ecoa como “guerra aos muçulmanos” – e ela sabe
disso).
Por isso
tudo, apesar de lamentar e repudiar o ato bárbaro de ontem, eu não sou Charlie.
No twitter, um movimento – muito menor do que o #JeSuisCharlie – começa a
surgir. Ele fala do policial, muçulmano, que morreu defendendo a “liberdade de
expressão” para os cartunistas do Charlie Hebdo ofenderem-no. Ele representa a
enorme maioria da comunidade islâmica, que mesmo sofrendo ataques dos
cartunistas franceses, mesmo sofrendo o ódio diário dos xenófobos e
islamófobos, repudiaram o ataque. Je ne suis pas Charlie. Je suis Ahmed.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Oração para alcançar graças dos Reis Magos.
Ó amabilíssimos Santos Reis, Baltazar, Melquior e Gaspar!
Fostes vós avisados pelos Anjos do Senhor sobre a vinda ao mundo de Jesus, o Salvador, e guiados até o presépio de Belém de Judá, pela Divina Estrela do Céu.
Ó amáveis Santos Reis, fostes vós os primeiros a terem a ventura de adorar, amar e beijar a Jesus Menino, e oferecer-lhe a vossa devoção e fé, incenso, ouro e mirra.
Queremos, em nossa fraqueza, imitar-vos, seguindo a Estrela da Verdade.
E descobrindo a Menino Jesus, para adorá-lo.
Não podemos oferecer-lhe ouro, incenso e mirra, como fizestes.
Mas queremos oferecer-lhe o nosso coração contrito e cheio de fé católica.
Queremos oferecer-lhe a nossa vida, buscando vivermos unidos à sua Igreja.
Esperamos alcançar de vós a intercessão para receber de Deus a graça que tanto necessitamos. (Em silêncio fazer o pedido).
Esperamos, igualmente, alcançarmos a graça de sermos verdadeiros cristãos.
Ó bondosos Santos Reis, ajudai-nos, amparai-nos, protegei-nos e iluminai-nos!
Derramai vossas bênçãos sobre nossas humildes famílias, colocando-nos debaixo de vossa proteção, da Virgem Maria, a Senhora da Glória, e São José.
Nosso Senhor Jesus Cristo, o Menino do Presépio, seja sempre adorado e seguido por todos. Amém!
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
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