Esse grupo religioso tem cerca de 1,5 bilhões de adeptos
no mundo (cerca de 20% da população do planeta) e sua história nos explica
movimentos, culturas e diversos conflitos contemporâneos.
Islamismo é a religião monoteísta fundada pelo profeta
Maomé, em 622. "Islã" é uma palavra árabe que significa “submissão”.
Assim, aqueles que obedecem "Alá", e aceitam Maomé como seu profeta,
são chamados de muçulmanos. O termo Allah, na língua árabe, significa
"Deus".
História
O islamismo surgiu no século VI na Arábia, região do
Oriente Médio que era habitada na época por cerca de 5 milhões de pessoas. Eram
grupos tanto sedentários como nômades, organizados em tribos e clãs. A
população era na maioria politeísta, mas existiam algumas tribos judaicas e
algumas de tradição cristã.
Nesse contexto surgiu o criador do islamismo, o profeta
Maomé, chamado de Muhammad pelos muçulmanos, cujo nome completo era Abu al-Qasim Muhammad ibn 'Abd Allah ibn
'Abd al-Muttalib ibn Hashim, sendo que Muhammad significa
"louvável" e seu nome completo, inclui o nome "Abd Allah",
que significa "servo de Deus". Este nome já era comum na Arábia antes do
surgimento do islão.
Nascido em Meca, na tribo árabe coraixita, especificamente
ao clã dos hachemitas, no atual Reino da Arábia Saudita, em 570 da era cristã. Órfão desde cedo, passou a ser criado por seu tio
Abu Talib, de quem recebeu educação formal e aprendeu o ofício de comerciar
especiarias nas caravanas de camelos transaarianas.
Foi como chefe de caravana que, em 595, Maomé conheceu uma
rica viúva, chamada Khadijha, passando a trabalhar para ela. Após demonstrar
grande destreza na administração dos negócios de Khadijha, Maomé e a viúva, em
comum acordo, casaram-se. Esse casamento transformou substancialmente a vida do
então comerciante, que não tinha grande fortuna até o momento.
É importante ressaltar que, antes mesmo de o islamismo
firmar-se como religião, em Meca e em outras regiões da Arábia, havia uma
confluência de credos, tanto pagãos, politeístas, quanto judaicos e cristãos.
Além do monoteísmo judaico e cristão, havia também um terceiro grupo, o dos
hanifs, nascido em meio à miscelânea pagã dos grupos tipicamente árabes.
Na época de Maomé, vinham surgindo novas tendências no
interior desse politeísmo tradicional: a influência das colônias judaicas e dos
cristãos heréticos do mundo arameu, ao norte, e da Etiópia, ao sul, chamava os
melhores espíritos para uma religião mais elevada. As divindades particulares
continuavam a ser honradas, mas uma delas começava a predominar sobre as
outras: Alá, reconhecido como “maior” – Allah akbar. Além disso, encontravam-se
já alguns monoteístas – nem judeus nem cristãos – chamados hanifs. (Daniel-Rops,
em sua obra A Igreja dos Tempos Bárbaros)
Os pais de Maomé e muitos membros do clã hachemita
adoravam Allah, mas foi Maomé que, nos primeiros anos do século VII, começou a
sistematizar a crença propriamente islâmica. Os muçulmanos acreditam que em
610, quando Maomé tinha quarenta anos, enquanto realizava um retiro espiritual
numa das cavernas do Monte Hira, foi visitado pelo anjo Gabriel que lhe ordenou
que recitasse os versos enviados por Deus, e comunicou que Deus o havia
escolhido como o último profeta enviado à humanidade.
A tradição muçulmana relata que Maomé começou a ter
progressivas revelações dadas por Deus (Alá) por meio do Anjo Gabriel. Essas
revelações teriam dado a Maomé a autoridade de ser o Profeta de Alá, isto é, aquele
que teria a missão de corrigir as distorções que judeus e cristãos teriam feito
das revelações passadas, e a responsabilidade de retirar as tribos árabes
politeístas da “era da ignorância” e convertê-las ao Islã.
Maomé começou por converter aqueles que lhe eram mais
próximos, como sua esposa, sogro, primos. Entretanto, sua radicalização
monoteísta começou a ter efeitos sobre a dinâmica social e econômica da tribo
coraixita. Outros clãs de Meca passaram a confrontar e perseguir Maomé e seu
grupo de convertidos. A medida que os seus seguidores cresciam, ele se tornava
uma ameaça para as tribos locais e os líderes da cidade, cuja riqueza se
apoiava na Caaba, o ponto focal da vida religiosa de Meca, que Maomé ameaçava
derrubar. Isto era especialmente ofensivo para os coraixitas, a sua própria
tribo, que tinha a responsabilidade pelo cuidado da Caaba, que nesta altura
hospedava centenas de ídolos que os árabes adoravam como deuses.
Com a morte de seu tio e, depois, de sua esposa,
Khadijah, que faleceu em 619, Maomé decidiu aceitar o apoio e hospitalidade de
famílias residentes na então cidade de Yatreb, para onde migrou em 622. Essa
migração, ou fuga, ficou conhecida como Hégira.
Em Yatreb, Maomé conseguiu mais adeptos ao islamismo, de
modo que a cidade tornou-se o seu reduto principal e também o seu
quartel-general, a ponto de a cidade ter seu nome mudado para Medina (“Cidade do Profeta”). De Medina, Maomé passou a travar sucessivas
batalhas contra Meca. A pregação religiosa passou a se entrelaçar com a guerra
e a perspectiva de conquista.
O domínio de Meca foi o primeiro passo da grande e rápida
expansão islâmica que se veria nos anos seguintes. Maomé morreu dois anos após
subjugar sua cidade natal. Sua morte provocou disputas sucessórias que
definiriam, mais tarde, os grupos sunita e xiita, característicos do
desenvolvimento do islamismo.
Alcorão
O livro sagrado do Islamismo é chamado de
"Alcorão" ou "Corão". Nele, estão reunidas as palavras de
Deus, reveladas ao profeta Maomé.
De acordo com a religião islâmica, o Alcorão ou Corão, é a
coletânea das revelações de Deus ao Profeta Maomé. Ele foi redigido em árabe
entre os anos de 610 e 632.
Essa coletânea contém as palavras exatas de Deus,
reveladas pelo anjo Gabriel. É visto como um milagre e deve ser preservado sem
alteração.
O Corão é dividido em 114 “suratas” (capítulos) de
diferentes tamanhos. A primeira surata é uma breve oração introdutória e as
demais são organizadas pelo tamanho, começando pela mais longa.
As primeiras suratas reveladas ao Profeta são menores,
por isso, grande parte do Alcorão está em ordem cronológica inversa.
Os muçulmanos afirmam que no Alcorão, Deus fala de sua
essência, da relação que possui com os seres humanos e de como serão
responsabilizados perante o Juízo Final.
Embora o Corão refira-se a Maomé e à comunidade islâmica
antiga, oferece orientação moral para povos de todos os períodos e raças. Nele
são reconhecidas passagens do Antigo Testamento judaico e cristão; onde Jesus é
considerado um grande profeta.
Os Pilares do
Islamismo
A Lei Sagrada do Islamismo é chamada de “Sharia”, a
“estrada”, pela qual Deus determina que os muçulmanos trilhem.
A Sharia regulamenta todos os aspectos da vida. Esses
regulamentos abrangem deveres religiosos essenciais conhecidos como os “Cinco
Pilares”, destinados a desenvolver o espírito de submissão a Deus. São eles:
Profissão de Fé: “Só há um Deus e Maomé é seu profeta” é
o credo fundamental do Islamismo.
Preces Rituais: Os muçulmanos oram cinco vezes por dia,
sempre voltados em direção a Meca: ao amanhecer, ao meio dia, à tarde, ao pôr
do sol e ao se deitar, .
Doações: Uma contribuição anual chamada “zakat” é
oferecida pelos muçulmanos com posses aos necessitados.
Jejum: Durante o mês islâmico de Ramadã, os muçulmanos
jejuam diariamente entre antes do nascer do sol até o anoitecer. Durante o
jejum é proibido o consumo de alimentos, bebidas e cigarro. Crianças, doentes e
idosos são liberados do jejum de Ramadã.
Peregrinação: A peregrinação à Meca (Hadj) deve ser
realizada pelo menos uma vez durante a vida de todo muçulmano. Em Meca, os
peregrinos circundam sete vezes um santuário sagrado (a Pedra Negra, conhecida
como Caaba) que fica no pátio da Mesquita de Al-Haram, na Arábia Saudita.