domingo, 26 de agosto de 2012



Eu sei, mas não devia


Eu sei, mas não devia:
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Ótima reflexão... e EU NÃO ME ACOSTUMO!!!




domingo, 5 de agosto de 2012

Achei esse texto perfeito.....também tenho essa vontade de não desarmar mais a árvore de Natal....


A vida é curta

Amanhã é Dia de Reis. Segundo a tradição, é quando se deve desmontar a árvore de Natal, mas fico pensando se a trabalheira não será à toa. O próximo Natal já se aproxima, não seria mais conveniente deixar a árvore onde está, como um enfeite vitalício da casa? O espaço entre dois Natais nunca foi tão curto.
Constatado o milagre da redução dos anos (antigamente eles possuíam 365 dias, mas desconfio de que somem hoje no máximo uns 274), o melhor a fazer é desfrutar o tempo que nos resta.
Pra começar, chega de seguir ao pé da letra as regras de bem viver estabelecidas pela intelectualidade. Claro que cultura é importante, que não se deve desdenhar da sabedoria transmitida pelos filósofos, que a inteligência é o valor maior. Mas basta desse monopólio: é chegada a hora de valorizar também os instintos.
Se a palavra de ordem é produzir, produzir, produzir, responda com uma boa soneca: durma depois do almoço. Assuma o espanhol que há em você: siesta! Se não puder sair do escritório, tire um cochilo onde estiver, estique-se em algum canto, durma no carro, dentro do banheiro, sentado numa cadeira. Feche os olhos e desapareça por 20 minutos, mesmo que todos continuem vendo.
Você está indo bem na terapia, quase acredita que está se curando, ainda que não tenha entendido exatamente do que deve se curar. Mas, sem que seu digníssimo analista suspeite, reprise alguns de seus erros de vez em quando. Recaia. Sucumba. Vai atrasar o tratamento? Vai. Mas logo, logo, é Natal, jingle bell, paz na terra, estarão todos perdoados por terem reincidido em seus pequenos e deliciosos crimes contra si mesmo.
Se dirigir, não beba. Se costuma ficar violento, não beba.Se é do tipo que dá vexame, não beba. Se tem um histórico de alcoolismo, não beba. Mas se não for colocar ninguém em risco, muito menos a si próprio, celebre. Tim-tim!
E se é verdade que dentro do mais chique dos mortais há um brega enrustido que não vê a hora de se manifestar, eis o momento. Abuse do Roberto Carlos, cante no chuveiro, leia um best-seller daqueles que fazem seus amigos torcerem o nariz e enfeite seu drinque colocando nele uma sombrinha de papel colorido.
A sombrinha de coquetel é o símbolo máximo do “estou nem aí para o que irão pensar, sempre quis me sentir num luau havaiano”. Pode ser uma sombrinha metafórica, desde que simbolize seu estado de espírito, que faça parte do plano de desestressar e curtir a seu modo o restinho de ano que sobra. Estamos em janeiro, o inverno é amanhã e o Natal não demora. Contra-ataque com a sombrinha.


Martha Medeiros - Jornal Zero Hora - 05 janeiro 2011



I MOSTRA CULTURAL DE DESCALVADO


No dia 26 de junho de 2012 aconteceu a I Mostra Cultural de Descalvado, em todas as   escolas do  município (Fundamental II). Através desta mostra apresentamos várias atividades que foram desenvolvidas ao longo do 1º semestre.Fiquei responsável pela organização do livro digital sobre o livro "Nuno descobre o Brasil", da autoria de José Roberto Torero e Marcus Aurélius Pimenta, projeto interdisciplinar que possibilitou que os professores de Língua Portuguesa, História e Artes trabalhassem conjuntamente. As professoras de Língua Portuguesa leram o livro com os alunos e fizeram a reescrita dos capítulos, as professoras de Artes coordenaram a realização das ilustrações dos capítulos e eu, de História, expliquei a versão histórica, casando com a versão do livro, e utilizando o Power Point, montei o livro digital das escolas EMEF Prof. Andrelino Casare e EMEF Profª Edna Maria do Amaral Marini.Nas escolas organizamos uma sala para a exposição do livro, com as ilustrações originais dos alunos, cartazes sobre o descobrimento do Brasil e as versões desse descobrimento, e demais atividades trabalhadas também pelas professoras de Artes e Língua Portuguesa, a parte desse trabalho sobre o livro "Nuno", como por exemplo os diários de leitura e pinturas realizadas pelos alunos. O ponto alto dessa sala de exposição foram os alunos caracterizados como personagens do livro, que chamavam a atenção dos visitantes - alunos da escola, professores que trabalham no NAE (Núcleo de Apoio a Educação) e supervisores de ensino da SEEC (Secretaria de Educação e Cultura de Descalvado).Algumas fotos do evento: (mesclei fotos das duas escolas, acrescentarei mais algumas dos alunos do Andrelino posteriormente)



 
















Professores responsáveis na EMEF Prof. Andrelino Casare:

Ana Lígia Strozzi – História
Renan Arnoni - História
Denise Motta - Língua Portuguesa
Tamiris Presunti – Língua Portuguesa
Maria Aparecida Queiroz - Língua Portuguesa
Maria Lúcia de Oliveira – Artes

 Professores responsáveis na EMEF Profª Edna Maria do Amaral Marini:

Adriana Zini Silva - Língua Portuguesa
Alessandra Mussolini - Artes
Ana Lígia Strozzi – História
Liliane Utinetti – História
Joslaine Regina de Oliveira - Língua Portuguesa
Valéria de Paula Formoso - Língua Portuguesa
Zainab Ayoub - Língua Portuguesa