segunda-feira, 12 de março de 2018

Guerra Civil da Síria



Síria - onde fica esse país?

Oficialmente República Árabe da Síria é um país localizado na Ásia Ocidental, também chamada de Oriente Médio. O território sírio faz fronteira com o Líbano e o Mar Mediterrâneo a oeste; com a Turquia ao norte; com o Iraque a leste; com a Jordânia ao sul e Israel ao sudoeste. A maior parte do território é coberta por desertos. Damasco é sua cidade mais importante e a capital do país, enquanto Alepo é o segundo município mais significativo.
A Síria é a segunda potência militar árabe, superada apenas pelo Egito.

Dados geográficos e humanos

Extensão territorial: 184.050 km².
Capital: Damasco.
Clima: Mediterrâneo (litoral) e árido (interior).
Governo: República presidencialista (ditadura militar desde 1970).
Idiomas: Árabe (oficial), curdo.
Religiões: Islamismo 92,1%, cristianismo 5,2% (ortodoxos 2,7%, outros 2,5%), sem religião e ateísmo 2,7%.
População: 21.906.156 habitantes. (Homens: 11.056.330; Mulheres: 10.849.826) – dados de março de 2018, não atualizados durante o período das guerras civis
Composição da população: Árabes sírios 90%, curdos 5,9%, circassianos, turcos e armênios 4,1%.

Breve história síria:

Pesquisas arqueológicas afirmam que a ocupação da região que atualmente corresponde à Síria, ocorreu há mais de 5 mil anos. Esse fato proporcionou ao país uma série de elementos históricos: sítios arqueológicos, ruínas romanas na cidade de Palmyra; castelos medievais da época das Cruzadas; construções islâmicas em Damasco.
Ao longo da história, o território da Síria foi dominado por impérios Persa, Macedônico, Romano, Árabe e Turco-Otomano. Na Antiguidade, a Síria compreendia os atuais Estados da Síria, Líbano, Israel e Jordânia, além de parcelas do Egito, Turquia e Iraque.
No período Islâmico a cidade de Damasco era capital do Império Omíada, dinastia turca de califas de Maomé – designação adotada pelo sogro do profeta e seus sucessores, enquanto líderes do Islã. Esta sede política da Síria é considerada um dos centros mais velhos incessantemente povoados em todo o Planeta.
A França realizou o processo de colonização no país durante a primeira metade do século XX.
Depois da Primeira Guerra Mundial e da divisão do Império Otomano foi estabelecido o Mandato francês da Síria, por iniciativa do Mandato da Liga das Nações, ou seja, de uma delegação jurídica fixada pela Sociedade das Nações; um integrante deste grupo deveria, assim, gerir uma região alemã ou turca existente no passado.
Inglaterra e França dividem este território – ingleses ao sul, no espaço que hoje compreende Palestina e Jordânia, e franceses no restante da Síria Otomana – Síria, Líbano e Província de Hatay, localizada na Turquia. Em 1946 este país conquistou sua liberdade, se tornando independente.
A Síria é grande opositora da política israelense, sendo que as duas nações se envolveram em um conflito armado, denominado Guerra dos Seis Dias, em 1967. Nessa guerra contra Israel uma vasta porção de suas terras foi aniquilada, e os israelitas invadiram os Montes Golã. Desta forma estruturou-se entre os habitantes da Síria um sentimento de aversão pela população de Israel. Assim, não surpreende que tantos palestinos exilados residam neste país, completamente adaptados à sua vida social. É natural também que a Síria apoie o Líbano, igualmente perseguido pelos israelitas.

Intervenção no Líbano - Em 1976, a Síria intervém na guerra civil do Líbano, patrocinando várias facções em luta. Para eliminar qualquer obstáculo à sua hegemonia no Líbano, o governo sírio articula uma facção dissidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) contra a liderança de Yasser Arafat. Em 1983, após violentos combates, o chefe palestino e 4 mil seguidores deixam o Líbano. No plano interno, Hafez Assad comanda um regime autoritário. No o ano de 1982, como represália aos atentados da Confraria Muçulmana, organização de perfil tradicionalista, o governo desencadeia uma brutal repressão contra a cidade síria de Hamah, matando mais de 20 mil pessoas.

Guerra do Golfo - Isolado no mundo árabe e bastante dependente do apoio soviético, Assad aproveita-se da Guerra do Golfo (1990/91) para dar uma guinada na política externa e apoia a intervenção norte-americana no Kuwait, chegando a enviar tropas à Arábia Saudita. Em retribuição, obtém dos EUA o sinal verde para impor ao Líbano uma solução síria para a guerra civil.
Reformas na legislação para atrair capitais estrangeiros, distensão com Israel e algumas medidas liberalizantes no âmbito interno (como a extinção da pena de morte) são as mudanças após a Guerra do Golfo. Em agosto de 1994, o Partido Baath vence as eleições legislativas. Em dezembro de 1995, o governo anistia centenas de presos políticos.
Em junho de 1996, o serviço de inteligência dos EUA revela a ocorrência de atentados à bomba em cidades sírias e os atribui a novos focos de tensão com a Turquia. Os motivos seriam o apoio sírio a uma facção separatista curda e o acordo de cooperação militar que a Turquia assinou com Israel. No mesmo mês, a Síria desloca 40 mil soldados para a fronteira com a Turquia.

Relações com Israel - Com os acordos de paz entre palestinos e israelenses, iniciados em setembro de 1993, a Síria perde a posição de liderança árabe nas negociações multilaterais com Israel. Em janeiro de 1994, o presidente dos EUA Bill Clinton, reúne-se com Assad, que garante que a Síria quer normalizar as relações com Israel. O presidente sírio exige a retirada total de Israel das Colinas de Golã. Em dezembro de 1995, Síria e Israel definem pontos básicos para um acordo de paz. O processo é interrompido em março de 1996, quando a Síria não reprova os atentados terroristas em Israel. No mês seguinte, Israel ataca o sul do Líbano, em represália a ataques do grupo Hezbollah, que a Síria permite que atue no território libanês. As negociações de paz são praticamente paralisadas com a eleição, em maio de 1996, do primeiro ministro israelense Binyamin Netanyahu.

A Síria nos anos 2000
Em 10 de junho de 2000, ocorreu a morte Hafez Al-Assad, que foi sucedido por seu filho, Bashar Al-Assad, que assumiu o cargo em julho.
Em junho de 2001, a Síria completou a retirada de suas tropas de Beirute, um ano após a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano, tal retirada era objeto de uma campanha do patriarca cristão maronita Nasrallah Sfeir.
Em outubro de 2001, a Síria conseguiu um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, com forte apoio dos países da Ásia e da África, derrotando a oposição por parte dos Estados Unidos e de Israel.
Em abril de 2002 foi permitido o estabelecimento de bancos privados e, pouco depois, foi autorizado o funcionamento de uma estação de rádio privada, sendo sua programação restrita à difusão musical.
Em maio de 2002, o Papa João Paulo II visitou a Síria e Bashar Al-Assad aproveitou a cerimônia de boas vindas para fazer um forte ataque contra Israel, comparando o sofrimento dos árabes ao suportado por Jesus Cristo. Em resposta, João Paulo II apelou em favor de uma nova atitude de compreensão e respeito entre cristãos, muçulmanos e judeus.
Em agosto de 2001, o primeiro-ministro Mohammed Mustafa Miro visitou o Iraque, na primeira viagem de um dirigente sírio de altíssimo nível àquele país desde o apoio Síria ao Irã durante a Guerra Irã-Iraque.
Em novembro de 2001, foram libertadas dezenas de prisioneiros políticos pertencentes à Irmandade Muçulmana, fato que foi elogiado pela Anistia Internacional.
Em abril de 2002, uma estação de radar síria no Líbano foi atacada por aviões israelenses, como represália a um ataque de guerrilheiros do Hezbollah.
Em maio de 2002, John Bolton, um graduado oficial dos Estados Unidos, incluiu a Síria no chamado “eixo do mal”, acusando o regime sírio de tentar obter armas de destruição em massa.
Em abril de 2003, com a invasão do Iraque já em andamento, os Estados Unidos ameaçaram a Síria com sanções econômicas e diplomáticas, dizendo que o regime síria protegia fugitivos do regime deposto no Iraque. O governo sírio rejeitou as acusações.
Em janeiro de 2004, Bashar Al-Assad se tornou o primeiro presidente sírio a visitar a Turquia, aquela viagem marcou o início da redução da tensão nas relações entre os dois países vizinhos.
Em 8 de março de 2004, o Comitê de Defesa das Liberdades Democráticas e Direitos Humanos na Síria organizou um protesto sem precedentes em Damasco para exigir democracia e liberdade para os presos políticos, dois líderes daquele protesto (Ahmad Jazen e Hassan Wattfa) foram presos durante dois meses.
Em abril de 2004, houve uma explosão em um prédio que havia sido sede da Organização das Nações Unidas em Damasco, após a explosão, ocorreu um tiroteio que matou um civil, um policial e dois dos quatro ativistas envolvidos. O governo sírio atribuiu a autoria do atentado a fundamentalistas islâmicos.
Em maio de 2004, os Estados Unidos impuseram sanções econômicas contra a Síria sob a acusação de apoio ao terrorismo e de não impedir a entrada de guerrilheiros que lutavam contra a ocupação americana no Iraque.
Em fevereiro de 2005, o ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, um líder sunita que se opunha à influência da Síria no Líbano, foi morto em um violento atentado em Beirute, o regime sírio foi acusado de envolvimento. Nesse contexto, as potências ocidentais e a oposição libanesa fizeram uma grande pressão para que as tropas e agentes de inteligência síria se retirassem imediatamente do Líbano. Bashar Al-Assad reuniu-se com o presidente libanês Emile Lahoud, e estabeleceu um cronograma de retirada que foi totalmente cumprido antes das eleições gerais libanesas que ocorreram em maio daquele ano.
No início de fevereiro 2006, manifestantes sírios atearam fogo ao prédio onde as embaixadas estavam situadas da Dinamarca e da Noruega, durante um protesto contra a publicação em um jornal dinamarquês de charges satirizando o profeta Maomé. As embaixadas do Chile e da Suécia, localizadas no mesmo edifício sofreram danos menores. Uma semana depois, Dinamarca fechou sua embaixada no país, e acusou as autoridades sírias de não garantir um mínimo de segurança aos funcionários dinamarqueses.
Em maio de 2007, Bashar Al-Assad foi reeleito para o cargo de presidente por mais sete anos, com 97,62% dos votos em um referendo.
Em agosto de 2007, Bashar Al-Assad reafirmou o interesse do país em recuperar totalmente as Colinas de Golã, ao declarar que: "Nosso desejo de paz não significa que desistamos de nossos direitos. Nós não vamos aceitar menos do que a recuperação do Golã, a volta das fronteiras existentes em 04 de junho de 1967", tal declaração foi feita como um preâmbulo de uma possível reabertura das negociações de paz com Israel, suspensas desde 2000 por causa das diferenças sobre o Golã.

Guerra Civil Síria

A Revolta na Síria em 2011-2012 (às vezes referido como Guerra Civil Síria) é um conflito interno em andamento na Síria; iniciaram como uma série de grandes protestos populares em 26 de janeiro de 2011 e progrediu para revolta armada em 15 de Março de 2011, influenciados por outros protestos simultâneos na região. As manifestações populares por mudanças no governo foram descritas como "sem precedentes".
Foram iniciados como uma mobilização social e midiática, exigindo maior liberdade de imprensa, direitos humanos e uma nova legislação. A Síria tem estado em estado de emergência desde 1962, que efetivamente, suspende as proteções constitucionais para a maioria dos cidadãos. Os protestos começaram em frente ao parlamento sírio e a embaixadas estrangeiras em Damasco.
Os protestos em 18 e 19 de março foram os maiores que ocorreram na Síria em décadas, tendo as autoridades sírias respondido com violência contra os manifestantes. O Secretário-Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, chamou o uso da força letal de "inaceitável".
Após a morte de mais de oitenta rebeldes sírios, a União Europeia, representada por Catherine Ashton, classificou a situação do país como "intolerável" e solicitou que reformas ocorram na Síria.
Em resposta aos protestos, o governo sírio enviou suas tropas para as cidades revoltosas com o objetivo de encerrar a rebelião. O resultado da repressão e dos enfrentamentos com os protestantes acabou sendo de centenas de mortes, a grande maioria de civis. Muitos militares se recusaram em obedecer às ordens de suprimir as revoltas e manifestações, e alguns sofreram represálias do governo por isso. No fim de 2011, soldados desertores e civis armados da oposição formaram o chamado Exército Livre Sírio para iniciar uma luta convencional contra o Estado. Em 23 de agosto de 2011, a oposição finalmente se uniu em uma única organização representativa formando o chamado Conselho Nacional Sírio. Os combates então se intensificaram, assim como as incursões das tropas do governo em áreas controladas por opositores. De acordo com um relatório da ONU, a luta se transformou numa guerra civil.
Segundo informações de ativistas de direitos humanos dentro e fora da Síria, o número de mortos no levante popular chegou a mais de 18 mil. Outras 100 mil pessoas teriam sido detidas pelo governo.
A Cruz Vermelha classificou em 15 de julho de 2012 este conflito como guerra civil. O termo preciso foi "conflito armado não-internacional", abrindo caminho à aplicação do Direito Humanitário Internacional ao abrigo das convenções de Genebra e à investigação de crimes de guerra.


COMO A GUERRA CIVIL NA SÍRIA SE INTENSIFICOU?

Após a represália do governo de Assad contra os jovens que estavam se rebelando contra o regime, alguns grupos foram formados a fim de combater, de fato, as forças governamentais e tomar o controle de cidades e vilas. A batalha chegou à capital, Damasco, e depois a Aleppo em 2012. Mas desde que começou, a guerra civil na Síria mudou muito.
O Estado Islâmico aproveitou o vácuo de representação por parte do governo, a revolta da sociedade civil e a guerra brutal que acontece Síria para fazer seu espaço. Foi conquistando territórios tão abrangentes, tanto na Síria como no Iraque, que proclamou seu ‘califado’ em 2014. Para isso, tiveram de lutar contra todos: rebeldes, governistas, outros grupos terroristas – como se tivessem feito uma guerra dentro da guerra.

Agentes externos: EUA x Rússia

Pelo avanço do Estado Islâmico no ganho de territórios, os Estados Unidos fizeram ataques aéreos na Síria em tentativa de enfraquecê-lo, evitando ataques que pudessem beneficiar as forças de Assad – isso em 2014. Em 2015, a Rússia fez o mesmo contra terroristas na Síria, mas ativistas da oposição dizem que os ataques têm matado civis e rebeldes apoiados pelo Ocidente.
A Rússia e os Estados Unidos querem o fim do Estado Islâmico. Porém, os Estados Unidos querem a queda do governo de Bashar Al-Assad – por considerarem que seu regime não democrático é prejudicial à Síria – e, por isso apoia os rebeldes; por outro lado, a Rússia acredita na força de Assad e está apoiando seu regime. A Síria, então, é o território do fogo cruzado dessa guerra fria.

GRUPOS ENVOLVIDOS NO CONFLITO DA SÍRIA

GOVERNO SÍRIO E ALIADOS

Apesar de não apoiarem o ditador Bashar Al-Assad, cristãos, xiitas e até parte da elite sunita preferem ver Assad no poder diante da possibilidade de ter um país tomado pelos extremistas.
Quanto às alianças externas, Assad conta com o apoio do Irã e do grupo libanês Hezbollah. Juntos eles formam um “eixo xiita” – ou seja, seguem essa interpretação da religião islâmica – no Oriente Médio. O grupo se opõe a Israel e disputa a hegemonia no Oriente Médio com as monarquias sunitas, lideradas pela Arábia Saudita. O principal aliado de fora é a Rússia, que mantém uma antiga parceria com a Síria. Tanto o apoio do Hezbollah e das milícias iranianas, quanto os bombardeios mais recentes realizados pelas forças russas têm sido fundamentais para a sobrevivência do regime de Assad e o seu recente fortalecimento no conflito.

GRUPOS REBELDES

Uma das primeiras forças internas que se rebelou contra o governo sírio foram os grupos sunitas, que se opunham a Assad. Os sunitas têm dezenas de ramificações e ideologias, mas unem-se com o princípio básico de derrubar Assad. São chamados de “rebeldes moderados”, por não serem adeptos do radicalismo islâmico. A maior expressão entre eles é o Exército Livre da Síria (ELS). A organização está envolvida com países da Europa e com os Estados Unidos com o objetivo de derrubar o governo de Assad. Três grandes potências no Oriente Médio também colaboram com os rebeldes: Turquia, Arábia Saudita e Catar, relevando os interesses dos países próximos à Síria, também.

EXTREMISTAS ISLÂMICOS

Entre os grupos que querem derrubar Assad, há também facções extremistas islâmicas, que estão fragmentadas em diversos grupos. Uma das organizações que mais conquistaram terreno, principalmente nos primeiros anos do conflito, foi a Frente Al-Nusra, um braço da rede extremista Al Qaeda na Síria. Posteriormente, a partir de 2013, o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) aproveitou-se da situação de caos criada pela guerra civil e, vindo do Iraque, avançou de forma avassaladora e brutal, ocupando metade do território sírio. Em 2014, o E.I. dominou algumas áreas na Síria e no Iraque, as quais chamou de califados – o termo se refere aos antigos impérios islâmicos depois de Maomé, que seguiam rigorosamente as leis islâmicas. É considerada a organização terrorista mais poderosa e perigosa no mundo hoje.

CURDOS

Os curdos são uma etnia apátrida (sem Estado e território próprios) de 27 a 36 milhões de pessoas. Eles vivem em diversos países, inclusive na Síria, e reivindicam a criação de um Estado para o seu povo – o Curdistão. Desde o início do conflito na Síria, uma milícia chamada Unidade de Defesa Popular foi formada para defender as regiões habitadas pelos curdos no norte do país e se fortaleceu tanto que hoje tomou conta de um grande território perto da fronteira turca. Para o regime de Assad, tornaram-se bastante úteis, porque a milícia se opõe tanto aos rebeldes moderados como aos extremistas do Estado Islâmico.






bibliografia: brasilescola.uol.com.br
infoescola.com
grupoescolar.com
geoconceicao.blogspot.com.br
politize.com.br/guerra-civil-na-siria
blog.redesagrado.com.br/ensino-medio/infografico