segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A viagem de Théo, romance das religiões

Acabei de chegar de viagem... uma viagem por quase todos os continentes, por vários países, conhecendo um pouco de cada religião, junto com os personagens Théo e Marthe.
Partindo da França, país de origem da autora Catherine Clément, conhecendo o Vaticano, em Roma e passeando pelo catolicismo; Benares, na Índia, aprendendo sobre os deuses do hinduísmo; Jerusalém, em Israel, compreendendo o judaísmo... e nessa incrível viagem até pelo Brasil passamos, curiosamente aprendi sobre a religião que menos tinha conhecimento,  o candomblé,  antes do final da viagem que foi na Grécia, terra dos avós paternos de Théo.
O estilo da autora é didático, mas em forma de deliciosos diálogos, onde você se percebe "ouvinte", participante da conversa, querendo saber mais.
Fiquei surpresa ao saber que esse livro é um título altamente recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ 1998, categoria tradução/jovem.
 


terça-feira, 4 de novembro de 2014

QUANDO NIETZSCHE CHOROU

  

Quando Nietzsche chorou – Irvin D. Yalom
   

   A filosofia de Nietzsche sempre me pareceu muito difícil de entender. Li um livro seu aos vinte e poucos anos e me senti uma ignorante por não entender patavina. Mas conversando com outros aspirantes do conhecimento filosófico, percebi que isso não acontecera apenas comigo.
   Quando me deparei com esse livro na biblioteca pública de Descalvado, logo pensei que lendo um romance baseado em uma parte das ideias de Nietzsche poderia me ajudar a compreender um pouco sobre esse autor que sentia e escrevia sobre a vida de maneira tão profunda.
   Fatos históricos misturados com ficção, romance, decepções e angústias envolvendo o protagonista são combinações que me prenderam a leitura das 407 páginas do livro.
   O livro é repleto de questionamentos e de citações que possibilitam autoconhecimento e um bocado da percepção de mundo que existia no século XIX, sobre a medicina e sobre o nascimento da psicanalise.
   Recomendo a leitura!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

“Todo filho é pai da morte de seu pai” Fabrício Carpinejar



Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.
É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e instransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.
É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
Todo filho é pai da morte de seu pai.
Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.
A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.
Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente?
Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.
No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
Deixa que eu ajudo.
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.
Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro.
Aninhou o pai.
Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrado:
- Estou aqui, estou aqui, pai!
O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

" Santa Estrela que me guia
Vós me dê a Santa Luz,
Os três Reis do Oriente
Que visitaram Jesus..."