segunda-feira, 30 de julho de 2018

Eu sou Malala

Sabe aquele livro que você quer que todo mundo leia?

O livro “Eu sou Malala” foi escrito por Malala Yousafzai com a colaboração da jornalista Christina Lamb. É uma autobiografia que conta a história da paquistanesa, mas não só. A obra possui conteúdo sobre a religião islâmica, sobre o grupo étnico pashtun, bem como a história de formação do Paquistão, do próprio Talibã e até mesmo da morte de Osama Bin Laden dentro do vale do Swat.
Sua leitura é fácil, mas seus fatos complexos. Suas palavras são tocantes e transformadoras, capazes de nos dar coragem para mudar uma vida inteira. Não há como terminar esta leitura sendo a mesma pessoa que a iniciou. Malala é exemplo de perseverança e sua importância vai além de seu prêmio Nobel. Seu livro é uma aula que aguça não apenas a curiosidade, mas a compaixão e nos dá a triste certeza de que ainda há muito o que fazer.
No país de Malala nascer mulher significava ter a vida permeada por limites, regras e normas específicas, como, por exemplo, de só poder sair na rua acompanhada de uma figura masculina. 
Filha de um professor, desde cedo foi incentivada a buscar por conhecimento e empoderamento. Malala nasceu numa família privilegiada, com um pai revolucionário, que vê o mundo de forma mais justa e que sempre lutou de maneira destemida, persistindo em causas importantes como educação e liberdade para seguir com sua escola.
A história é bastante ampla, pois mostra, além da rotina de Malala, os conflitos políticos e econômicos que acometeram o Paquistão, as mudanças que foram ocorrendo na medida em que ela foi crescendo, o contexto religioso e o ponto crucial que é a questão educacional, que passou a ser restrita apenas aos meninos. Depois dessa restrição, Malala, que já era uma garota com uma opinião formada sobre seus direitos e que escrevia sob um pseudônimo para um blog denunciando as atrocidades cometidas às meninas que tentavam frequentar a escola, mais tarde passou a ser chamada também para dar palestras. Com isso, sua família passou a sofrer inúmeras ameaças e, em outubro de 2012, um homem armado parou o  ônibus escolar procurando por ela e disparou vários tiros em seu rosto.
Narrado em primeira pessoa pela própria Malala, o livro é dividido em cinco partes ("Antes do Talibã", "O vale da morte", "Três meninas, três balas", "Entre a vida e a morte" e "Uma segunda vida"). Ao tratar da história de seu país, Malala apresenta um parâmetro social, econômico e político do Paquistão, deixando claro que lá as taxas de analfabetismo são muito altas, o que contribui bastante para a corrupção e para o avanço do Talibã, que deturpou os ensinamentos do islamismo, de forma a manipular a população de acordo com seus objetivos.
Interessante perceber como a mídia exerce poder, pode controlar as pessoas como aparelho de dominação consentida. É gritante o modo como o Talibã dominou o vale e em pouco tempo o país, através de uma rádio clandestina.
Um livro tocante, que mostra o medo e a aflição de viver em meio a um regime brutal, e a luta através da palavra diante o mundo, para reverter tal situação.



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